sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Começa disputa pela primeira fábrica brasileira de chips

Depois do anúncio feito nesta semana pelos dirigentes da empresa norte-americana Symetrix Corporation, da construção de uma fábrica de semicondutores no Brasil, a dúvida que restou é em qual região ela será instalada. Os estados candidatos são Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

Suporte de pesquisas

O projeto do empreendimento foi divulgado pelo diretor e co-fundador da empresa de alta tecnologia, o brasileiro Carlos Paz de Araujo, e por outros dirigentes, em cerimônia na capital federal que contou com a presença do ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Resende.

Na ocasião, Araujo, que é professor na Universidade do Colorado (EUA), disse que contará, nas atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da indústria, com o suporte do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), vinculado ao Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara.

Semicondutores ferroelétricos

Trata-se da primeira indústria voltada para a fabricação de semicondutores ferroelétricos da América Latina. Os investimentos previstos são da ordem de US$ 1 bilhão, por meio de uma parceria da Symetrix, um grupo de empresários estrangeiros, com a Panasonic. Estima-se que serão gerados pelo menos 700 empregos diretos.

O investimento permitirá a produção de chips de memória para os chamados "cartões inteligentes", que têm aplicações variáveis, como a utilização em movimentações bancárias de entidades financeiras, bilhetes para o transporte público, documentos e até para a telefonia celular e TV digital.

Interesse paulista

Presentes à cerimônia em Brasília, José Arana Varela e Élson Longo, diretores do CMDMC, defendem a instalação da fábrica da Symetrix em São Paulo. "A maior vantagem estratégica do estado é a proximidade que a fábrica teria com a mão-de-obra qualificada das centenas de mestres e doutores formados anualmente pelas universidades paulistas", disse José Arana Varela, pró-reitor de Pesquisa da Unesp, à Agência FAPESP. "Sem contar que São Paulo reúne os principais grupos de pesquisa que trabalham com materiais ferroelétricos", aponta.

"Estamos falando de um investimento total, em um período de dois ou três anos, de cerca de US$ 1 bilhão, em uma fábrica que vai produzir para o mercado nacional e estrangeiro. Mas infelizmente ainda não houve grandes contatos da administração pública paulista com os dirigentes da empresa. Precisamos chamar a atenção das autoridades de São Paulo de que essa é uma possibilidade próxima e real", disse o também professor do Instituto de Química de Araraquara da Unesp.

Transferência de tecnologia

Segundo Varela, há pouco mais de um ano, Carlos Paz de Araujo o procurou para fazer uma consulta sobre a instalação de um empreendimento dessa natureza no Brasil. "Naquela época ele já havia dito que iria precisar de nosso apoio acadêmico para a transferência de tecnologias, treinamento de pessoal e indicação de recursos humanos para ocupar os cargos de pesquisa e desenvolvimento na indústria. O projeto avançou de tal modo que hoje eles inclusive já iriam definir os nomes de alguns diretores que irão liderar a indústria aqui no Brasil", disse.

Memórias FeRAM

Calcula-se que a tecnologia de memória ferroelétrica (FeRAM) possa ser lida e escrita por cerca de cem trilhões de vezes, enquanto a memória magnética de um cartão comum só suporta algumas dezenas de milhares de vezes. "Esses cartões ferroelétricos têm duração indefinida, a não ser que ele seja quebrado ou perdido. Nele será possível guardar muito mais informação em um espaço bem menor", compara Varela.

Fluminenses saem na frente

Élson Longo, diretor-geral do CMDMC, afirma que, com o anúncio da fábrica no Brasil, iniciou-se uma corrida por parte dos dirigentes governamentais e da comunidade científica de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco para a instalação em seus respectivos estados.

"É possível que nos próximos dias um protocolo de intenções seja assinado entre a Symetrix e o governo do Rio de Janeiro, estado que já deu um passo à frente. A eventual instalação no estado fluminense não impediria as atividades do CMDMC na fábrica. Mas os pesquisadores e o poder público de São Paulo precisam se mobilizar para que ela possa ser construída aqui", disse Longo à Agência FAPESP.

Isenta de impostos

A instalação da indústria se beneficiará de um decreto presidencial relacionado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Ciência e Tecnologia, que isenta de todos os impostos federais as empresas do setor de semicondutores, uma das quatro prioridades da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (Pitce) do governo federal.

A Symetrix Corporation foi fundada em 1986 na cidade de Colorado Springs, nos Estados Unidos. A empresa tem mais de 180 patentes na área de microeletrônica e as licencia para fabricantes no Japão, Coréia, Europa e Estados Unidos.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Sonda Voyager 2 faz descobertas surpreendentes na fronteira do Sistema Solar

Depois de mais de 30 anos em operação, a sonda espacial Voyager 2 surpreendeu os cientistas mais uma vez, fazendo duas revelações inesperadas sobre a fronteira final do nosso Sistema Solar.

As duas descobertas foram feitas quando a sonda atravessava a onda de choque que se forma quando o fluxo de partículas emitidas constantemente pelo Sol - o chamado vento solar - atinge o ambiente de gás rarefeito que preenche o espaço entre as estrelas.

Campo magnético

A primeira surpresa é que existe um forte campo magnético nas cercanias da região interestelar, gerado por correntes naquele gás incrivelmente tênue. Esse campo magnético comprime a bolha de gás que se origina no Sol, distorcendo o formato esférico uniforme que os físicos esperavam encontrar.

10 vezes mais frio

A segunda descoberta inesperada também veio com a passagem da Voyager 2 pela fronteira do Sistema Solar. Logo após essa "fronteira" entre nosso Sistema Solar e o espaço interestelar, a temperatura é 10 vezes mais fria do que o esperado. Ainda assim ela é mais alta do que no "interior" do nosso sistema. Os físicos teóricos agora terão garimpar uma explicação para esse inesperado efeito resfriante.

Voyager 1 e 2

As sondas Voyager 1 e 2 foram projetadas primariamente para estudar os planetas Júpiter e Saturno. Depois do lançamento, a Voyager 2 teve sua órbita ajustada para estudar também Urano e Netuno. Embora as duas tenham sido construídas para funcionar durante 5 anos, elas continuam a fazer importantes descobertas 30 anos depois do seu lançamento (veja Voyager 1 e 2 completam 30 anos de explorações espaciais).

Como ambas são dotadas de reatores nucleares, não necessitando da luz solar para geração de eletricidade para seus instrumentos, os cientistas agora calculam que elas poderão continuar operando até 2020. E estão com uma agenda cheia para explorar a desconhecida a região interestelar na qual as duas agora estão entrando.

Espaço interestelar

A Voyager 2 agora está atravessando uma região chamada heliosheath, uma região onde o vento solar interage com o meio interestelar. Na próxima década ela irá cruzar a fronteira final, chamada heliopausa, onde termina o fluxo de partículas do Sol. Então ela será capaz de medir as características do meio interestelar pela primeira vez, em uma região não afetada pelo vento e pelo magnetismo solares.

A Voyager 1 já cruzou a região do choque de terminação há vários anos, mas seu instrumento de medição de plasma não funcionava mais, de forma que o fim da área de influência do Sol foi medida apenas de forma indireta.

Fronteira pulsante

Já a Voyager 2 conseguiu não apenas detectar a fronteira, fazendo medições detalhadas da temperatura, velocidade e densidade do vento solar, mas ela também encontrou a onda de choque repetidas vezes. Isso ocorre porque há uma espécie de pulsação dessa fronteira, causada pelas variações na atividade solar.

A Voyager 2 está agora a 12,7 bilhões de quilômetros da Terra, viajando a uma velocidade de 56.000 km/h. A Voyager 1 está na direção oposta do Sistema Solar, a uma distância de 15,7 bilhões de quilômetros, viajando a uma velocidade de 61.100 km/h.


Fonte: Inovação Tecnológica

Nanotecnologia reduz uso de metais preciosos em catalisadores em até 90%

A empresa japonesa Mazda desenvolveu uma nanotecnologia que permite a redução entre 70 e 90% na quantidade dos metais nobres platina e paládio necessários para o funcionamento dos catalisadores dos automóveis.

Segundo a empresa, a nova técnica não altera em nada o desempenho dos catalisadores na purificação dos gases emitidos e alcança a mesma durabilidade dos catalisadores convencionais.

Catalisadores automotivos

Nos catalisadores automotivos, os metais preciosos platina e paládio induzem reações químicas que purificam os gases que serão exauridos pelo cano de escapamento. Nos catalisadores atuais, esses metais são colocados sobre um material-base.

A exposição ao calor dos gases do escapamento faz com que os metais preciosos se aglomerem, reduzindo sua área superficial e diminuindo a atividade catalítica. Isso exige a utilização de maiores quantidades dos metais para que o catalisador tenha uma eficiência e um tempo de vida útil aceitáveis.

Nanopartículas

O que a Mazda fez foi desenvolver uma nova estrutura do material catalisador, utilizando nanopartículas menores do que 5 nanômetros. Nestas dimensões os metais preciosos não se aglomeram, o que permite a redução da quantidade utilizada sem diminuição da eficiência e do tempo de vida útil do catalisador.


Fonte: Inovação tecnológica

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Há 60 anos, invenção do transistor revolucionou a eletrônica


“Pela primeira vez desde a sua invenção há 41 anos, a válvula que faz funcionar o seu rádio, opera as máquinas de soldagem, abre portas (...) possui um rival. Ele é um dispositivo diminuto chamado transistor”. Com esta frase, a revista americana Popular Science na sua edição de setembro de 1948 iniciava um artigo explicando aos leitores o advento do transistor, dispositivo cuja invenção completa 60 anos neste domingo, 16 de dezembro.

> Fotos: 60 anos do transistor

Trabalhando em 1947 nos lendários Laboratórios Bell, em Nova Jersey, o trio de engenheiros William Shockley (1910-1989), John Bardeen (1908-1991) e Walter Brattain (1902-1987) pesquisava o comportamento de cristais de germânio e de silício como semicondutores na tentativa de criar um substituto menor e mais confiável para as antigas válvulas a vácuo – aquelas que existiam no interior dos enormes rádios na sala de estar dos nossos avós e bisavós, nas décadas de 30 e 40.

Shockley, Bardeen e Brattain acabaram inventando o transistor, dispositivo composto por um material semicondutor, isto é, que podia tanto conduzir quanto isolar uma corrente elétrica, dependendo do resultado de uma operação computacional. O invento, que valeu aos três engenheiros o Nobel de Química de 1956, foi a pedra fundamental da indústria de tecnologia.

Saiba mais sobre o chip:
> História do Mainframe ao PC
> Fabricação em 45 nanômetros

> Escolha o processador ideal
> Como funcionam os chips dual-core?


Antes do transistor, havia no mundo apenas dois computadores – máquinas gigantescas e ultra-secretas operadas pelos serviços de inteligência britânico e norte-americano. O primeiro computador eletrônico da história, o britânico Colossus Mark 1, continha 1.500 válvulas e começou a operar em 1944 para decifrar as mensagens em código da Alemanha nazista.

Já o primeiro computador dos Estados Unidos, o ENIAC (Electronic Numerical Integrator and Computer), surgiu em 1946. Pesava 27 toneladas, media 2,6 metros de altura e 26 metros de comprimento e ocupava uma área de 63 m², dimensões necessárias para os seus 70 mil resistores e 17.468 válvulas. Bastava uma única válvula queimar para paralisar a máquina por completo - o que acontecia diversas vezes por dia.

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